JOÃO LOPES. ANTROPOLOGIA. Os Peul e Os Mucubais. AUTITV.2006









I. POVOS PASTORES DO GRUPO ETNOLINGUÍSTICO BERBERE

II.          POVOS PASTORES DO GRUPO ETNOLINGUÍSTICO BANTU

SUMÁRIO

I.               Os Peulh



1.     Localização geográfica
2.     Descrição e subgrupos
2.1.         Os peulh
2.2.         Os bororo
3.     Economia



II.     Os HEREROS

2. Os Mucubais 

e o Deserto
0.                Características do Deserto de Namibe
0.1.         Aspectos Morfológicos
0.2.         Clima
1.                A vida no Deserto de Namibe
2.                Característica dos Mucubais Dentro do Grupo Étnico HERERO
3.                As Origens dos Mucubais
4.                Estratificação Social
5.                Principais Fontes de Receitas
6.                Cultura e Religião
7.                Habitação
8.                Alimentação
9.                Vestuário
10.           Situação Actual dos Mucubais
11.           Conclusão


INTRODUÇÃO

 Os Povos  da África  Ocidental e Setentrional

Entre estes povos o distintivo cultural é o prestígio associado à possessão de animais,  face à vida de pastorícia  e à vida agrícola do camponês. Nas  alianças matrimoniais os animais são ofertas mais importantes  Um exemplo são os criadores de gado “fulani”, dispersos desde Senegal até à fronteira com Etiópia, no Leste.
       
Basicamente a diferença fundamental entre a África Ocidental, a Oriental e Meridional é a existência nesta de pastores nómadas:  fulas, bagaras (no Sudão, de língua árabe), os do norte da Etiópia e Quénia (de língua nilótica e oromo). Ao norte, no Sara, onde o clima é mais rigoroso para os animais, habitam pastores nómadas como os tuareg, os tedas e os zaghawas (zagaias), que criam camelos e cabras.

Na África Oriental e Meridional os pastores vivem de um modo geral nos vales férteis em povoados permanentes e migram de acordo com  as estações do ano , dos vales até às terras altas em busca dos pastos.

Mapa nº 1.  In Povos de Àfrica, Leo Salvador.
Editorial Além Mar. Lisboa , Maio 2000


I   Os Berbéres*

I.1. Peulh

Os  Peulh têm vários nomes: peul,  fulbe, fulani ou phoulah, bororo[1], constituindo cerca de 12 milhões de habitantes e partilham a mesma cultura,  mas vivem repartidos em diversos grupos, desde o Senegal até ao Chade e Camarões.

Para este  trabalho escolhemos o grupo nómada peulh, uma vez que durante  o nosso trabalho na Republica da Guiné[2], na prefeitura de Kindia tivemos contactos esporádicos na tentativa de fixação de grupos pastores desta etnia.

Os Peulh  – são verdadeiros nómadas que habitam nos bosques, em acampamentos muito simples construídos com materiais naturais que encontram, transportando pouco  equipamento. Mudam os seus acampamentos em cada 2 ou 3 dias em direcção ao norte até os limites do deserto e depois para sul à medida que a chuva se desloca nessa direcção, à  procura de pastos.

Conceito de Identidade

Etimologicamente, do latim identitate,[1] de uma forma geral entende-se por identidade “o que faz que uma coisa seja a mesma que outra”; do ponto de vista jurídico a identidade “representa um conjunto de circunstâncias que fazem que uma pessoa seja uma pessoa determinada e não outra”; na linguagem matemática representa uma “igualdade em que os dois membros têm um valor idêntico constante”.[2]

“As identidades culturais não são rígidas nem imutáveis: são sempre processos de identificação no tempo e num espaço próprios, constituindo uma sucessão de configurações que, de época para época, dão corpo e vida a tais identidades, com autocriações constantes.”[3]

Identidade à luz da realidade africana[4],

O congolês Mundimbe, no seu livro The Invention of África – Gnosis, Philosophy and the order of knowlwdge [A Invenção de África – Gnoses, Filosofia e a ordem do conhecimento], afirma, por seu turno, que diferentes discursos académicos criam mundos de pensamento nos quais as pessoas concebem a sua própria identidade. Daí que os antropólogos ocidentais e missionários tivessem criado distorções, não só para os que vieram de fora, mas também para os africanos, ao tentar compreendê-los. Nesta conformidade emite a seguinte postura filosófica:

Mundimbe não compartilha das opiniões clássicas sobre a história e a antropologia africanas, já que os seus resultados, segundo o mesmo, podem ou não reflectir a realidade objectiva africana.[5] Ainda de acordo com a opinião deste filósofo africano, “identidade e alteridade são sempre dadas a outros, assumidas por um Eu ou Nós-sujeito, estruturadas em diferentes opiniões e expressas ou silenciadas de acordo com desejos pessoais face a uma episteme.”[6]

Segundo o sociólogo Émile Durkheim:
“Uma sociedade não é constituída apenas pelo conjunto de indivíduos que a compõem, pelo território que ocupam, pelas coisas que utilizam, pelos actos que realizam, mas acima de tudo pela ideia que esses indivíduos têm sobre si mesmos.”[7]

O escritor nigeriano Chinua Achebe afirma o seguinte:
“É verdade, é claro, que a identidade africana ainda está em processo de formação. Não há uma identidade final que seja africana. Mas ao mesmo tempo existe uma identidade nascente. E ela tem um certo contexto e um certo sentido. Porque, quando alguém me encontra, digamos numa loja de Cambridge, ele indaga: ‘Você é de África?’ O que significa que África representa alguma coisa para algumas pessoas. Cada um destes rótulos tem um sentido, um preço e uma responsabilidade.”[8]




[1] MACHADO, José Pedro (1987)[1952], Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, vol. III, Livros   Horizonte Lda, Lisboa, p.257
[2] SÉGUIER, Jaime, op. cit., p.617
[3] GONÇALVES; António Custódio (2003), op. cit., p.12
[4] ZAU, Filipe, in Tese de Doutoramento no ramo de Ciências de Educação (especialidade Educação
  Multicultural e Pluricultural) , Lisboa 2004
[5] Idem, pp.ix-x
[6] Idem, p.xi
[7] GONÇALVES, António Custódio (2003), op. cit., p.12
[8] ACHEBE; Chinua, Entrevista, s/l e s/d, In, APPIAH, Kwame Anthony, op. cit., p.241

Proveniência

Existem muitas teorias  sobre a sua proveniência,  não se sabendo  com certeza donde são naturais, algumas lendárias ou fantásticas. O mais provável é que a sua origem seja berbere*. Embora mantenham a sua língua e os seus costumes, misturam-se frequentemente com os povos que encontram na sua passagem, negoceiam e misturam-se com numerosos grupos de agricultores, dando origem a uma grande variedade na pigmentação da pele e nos traços somáticos.
Os nómadas peulh são de alta estatura e de traços finos. Vivem obcecados pela beleza e, desde que nascem, todos os cuidados se orientam para melhorar o seu aspecto extewrior.
Estendem-se por todo o Sahel ocidental: Senegal, Guiné, Mali, Burkina Fasso, Niger, Nigéria, Camarões e Chade.
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* [Nota.1]. Os berberes que se chamam a si próprios Imazighen, que significa “homens livres”, (singular Amazigh)- são   um conjunto de povos do Norte de África que falam línguas berberes, da família de línguas Afro-  Asiáticas. Estimam-se entre 14 a 25 milhões. [http://pt.wikipedia.org/wiki/Berbere].
 - Embora os Berberes sejam habitantes do Norte de África, ninguém sabe realmente de onde vieram. As provas genéticas parecem indicar que são descendentes de várias ondas de imigração para a região, algumas já com 50 mil anos. Esses imigrantes vieram de diversas zonas, como o Cáucaso a costa africana  do Mar Vermelho. Como os Berberes são uma mistura de diferentes grupos étnicos, o termo “berbere”  refere-se mais à linguagem, do que propriamente a uma raça especifica.
  [Maria Larson – http//www.national  geographic.pt/revista/0105/feature3/default.asp]
[1] Bantus, ou Aba Utus plural de Umu Utu, que significa homem. Etnogenia dos Cafrs.  Lacerda, Francisco Gavicho de ,. Os Cafres seus usus e costumes, Livraria Rodrigues, Lisboa 1944.
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Divisão do povo peulh

O povo peulh dividiu-se num grande número  de sub-grupos:

Grupos sedentários -  grupos que se estabeleceram como donos das cidades conquistadas e a sociedade  urbana provocou uma separação cada vez maior das suas raízes.

Grupos nómadas – São pastores , nos quais se destacam  dois grandes grupos:  

Os peulh propriamente ditos, que não tem gado suficiente e se vêem obrigados a depender também da agricultura. É um povo que tem uma estreita relação com os seus rebanhos nunca igualados em toda África. 
O grupo familiar possui em propriedade colectiva um  terreno, um conjunto de palhotas e um certo número de animais.
Os  peulh cuidam da sua beleza usando adornos muito variados, na cabeça a fim de  realçar o seu encanto e o prestígio. sobretudo de materiais transparentes e de cores requintadas, tais como ouro, âmbar, jaspe, cristal, ágata.
Nas nossas deslocações, sobretudo na alta Guiné (Fouta-Djallon) encontramos jovens de requintados penteados,  como os evidenciados nas fotos.
                

Fotonº 6.  In Povos de Àfrica, Leo Salvador.
Editorial Além Mar. Lisboa , Maio 2000

Foto nº 5. Penteado  tradicional Mulher Peulh no Fouta
Rep. da Guiné, Michel Renaudeau- Ed DELROISE. France
As mulheres Peul, cuidam da sua beleza usando variados adornos,  sobretudo de materiais transparentes e de cores requintadas, tais como ouro, âmbar, jaspe, cristal, ágata,  na cabeça a fim de  realçar o seu encanto e o prestígio.

A quantidade de material que utilizam para o seu embelezamento e o modo como a utilizam é muito variado,dependendo dos locais onde vivem e bem como do poderio económico que varia de clã para clã.

Visita aos pastoes de Kolente.
 Descritivo: Numa reunião com um grupo mais receptivo a sul de Kolonté, face  à dificuldade da língua ainda  que o tradutor da mesma etnia traduzida para a etnia Soussu,  a que pertencia um dos técnicos da equipa,  o veterinário da prefeitura de Kindia, mesmo assim a data da 2ª visita não foi correctamente transmitida. O Expert do PDM verificando a atrapalhação dos mesmos, utilizou a técnica de vulgarização, que consiste em fazer o desenho das 4 fases da lua (não usam o calendário) e entalhes em volta de um pau,  indicando que cada volta significaria  os dias que faltam para os trabalhos do 2º encontro, coincidente com a fase seguinte da lua. Pelo consentimento manifestado pelos pastores, com a inclinação da cabeça, ficamos ciente que a comunicação foi conseguida.
Foto nº 3   Director Prefeitoral Dr.. Almamy Seny Soumah,( Médico Veteri8nário) e
do Tec. da CEE/PARTEX   João Lopes,, após a preparação  da visita aos povos pastores de Kolenté.
No dia programado, a equipa aparece, lá estavam  à nossa espera. Nessa visita o Expert foi acompanhado pela esposa, que se encontrava a passar férias, com o marido. Esperada a visitante ilustre, e conhecida que era difícil a caminhada até ao local do encontro, os pastores preparam a recepção de boas vindas em pleno bosque, num recinto improvisado para o efeito, com um asseio impecável e ainda com a construção  de um palanque, também ele improvisado de paus com um “colchão” de ramos verdes  e um cobertor, o melhor de que os anfitriões  dispunham  para  a recepção. Logo à chegada foi a esposa do Expert, (Palmira Cipriano Lopes), convidada a repousar no dito palanque, que constrangidamente  aceitou por compreender o gesto do marido portador de melhor conhecimento dos preceitos que a sua inexperiência dos mesmos.
  O  almoço foi constituído por um prato de arroz cozido, regado com manteiga tradicional e leite enzinado (tipo iogurte)  à maneira tradicional dos povos pastores tropicais, foi o casal obsequiado com uma colher de alumínio  para cada um, um luxo para a mata, em volta de uma mesa improvisada no chão, isto é, sem pernas, servido numa tigela de esmalte, enquanto o grupo de pastores e os restantes  técnicos africanos se serviram de  uma   “bacia” em ferro esmaltado,  todos comendo à mão em volta da mesma.



Os
bororo  que são um grupo menos numeroso que vivem ao longo da fronteira entre o Níger e a Nigéria, mas conservam com maior pureza os seus costumes assim como a obsessão pela beleza física.
A vida transumante leva-os para lá das suas fronteiras e a sua área de influência é muito mais ampla do que a dos povos sedentários.

Para os bororo há três coisas essenciais na vida:  beleza gado e família
A vida entre os homens e os animais está fortemente relacionada. Além disso o
gado determina  a sua riqueza e a sua condição social.
A economia baseia-se na criação de gado : vacas, camelos e cabras.
Quando nas suas deslocações encontram povos sedentários, oferecem-lhes leite equeijo em troca de cereais, que as mulheres moem compassadamente em pilões de madeira.
 Os bororo passam a maior parte do ano nas migrações anuais de norte para sul em busca de pastos e água para rebanhos. Durante a estação seca as famílias agrupam-se perto das zonas com água. É o período das danças. Os jovens, obcecados pelo o seu aspecto, pintam-se de ocre e sulfureto de antimónio para realçar o seu aspecto físico e serem mais bonitos.
BororoA Yake é uma dança em que os jovens de diferentes famílias se alinham segundo a ordem estabelecida pelos diferente clãs. Dentro de cada grupo, os mais jovens colocam-se em cada um dos extremos. Dançam em fila rodando com rapidez as cabeças e os olhos. A uma certa distância , as raparigas escolhem os que chamam mais atenção pelo seu estilo e beleza.






Footo nº 4 . Cabanas em forma de cúpula dos Bororo em África.

Casa Bororo
                                                          Cada  família constrói a sua casa: Cabanas em forma de cúpula cujo tecto desce até ao chão. Assentam uma estrutura de paus e são cobertas de esteiras e palha.





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Os peulh consideram-se superiores aos camponeses sedentários que encontram na sua deslocação com os animais: os malinques, os bambaras, os mossi, os hausas, os fures. Os camponeses são considerados pouco mais que escravos pelos peul, mas ao mesmo tempo dependem deles, na medida  que são estes que possuem terra e fazem agricultura.

Foto nº5. Choça Peulh tradicional, no Fouta .Rep. da Guiné
Michel Renaudeau-Edicions DELROISE, France


Nas divagações coincidentes com o período da estação seca, constitue  um problema delicado esntre estas duas populações, provocando sempre conflitos quer pela invasão dos animais que se infiltram por todo o lado e consomem tudo o que é verde, quer pelo lançamento do fogo com o objectivo de provocarem rebentações aceleradas após a passagem do fogo,inclusive culturas perenes plurianuais, pois o o controle dos animais durante a noite é particularmente penível  para as culturas, facto constado por nós na prefeitura de Kindia, República da Guiné, conforme documentamos numa das visitas de negociação de conflitos com as autoridades no Distrito de Seferem, na sub-prefeitura de Madina Oula.

Foto nº 6. Reunião apaziguamento de conflito aos pastores de Kolonté,em Madina Oula/
Distrito de Seferem,  pelo Insetor Prefeitoral Morlay Soumah e do Técnico da
PARTEX, João Lopes do Projeto CEE7LOMÉ III. Prefeitura de Kindia

Todavia, nos nossos contactos  com pastores em  deambulações na confluência das sub-prefeituras de Kolonté, Sougueta e Madina Oula,  encontramos um povo simpático, acolhedor  e receptivo na a
uscultação do projeto delineado, na tentativa de uma concepção binária de coabitação entre pastores e agricultores, na medida em que esta é  exarcebada pelas especificidades étnicas, sociológicas, linguísticas e culturais.


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 II. Os Hereros 

Pastores nómadas, situados no sudoeste do país, sobretudo na província do Namibe. Deles, se dizia que eram os detentores dos melhores pastos do sudoeste ou mesmo de Angola. Também sobre os Herero, José Redinha afirma o seguinte:

“(…) que se tem escrito que são de origem misteriosa, escuros, provindos de Camitas Orientais, e que têm lugar à parte na etnografia da África do Sul (...) admite-se que o povo herero tenha tido uma cultura camita oriental quase pura. Em concordância, as suas tradições de origem apontam longe para o Nordeste Africano. Crê-se que seja no sub grupo dos Cuvales que a dedicação ao boi atinge o mais alto grau. A sua ancestral vocação de criadores manifesta-se no curioso aspecto de desprezarem os grupos étnicos que comem peixe.”[4]


Ki-Zerbo admite ainda que os povos negróides do Sahara, que possivelmente estarão na base da origem e migração dos bantu, tenham adquirido a técnica de forjar o ferro na região de Meroé (Marrocos) ou até mesmo a partir da Espanha, já que o deserto era atravessado por nómadas, em camelos. “Mas nada impede que a invenção do uso do ferro seja de origem autóctone, pois os vestígios mais antigos foram radicalmente destruídos pela aridez dos solos.”[5] Por outro lado, a abundância de minas de ferro em toda a África, iria contribuir para que mais facilmente se processasse a grande expansão bantu. A África atingiu a idade do ferro sem passar pela do bronze, facto que marca a singularidade africana, já que tal não aconteceu nem na Europa nem na Ásia.[6] Foram, por conseguinte, os bantu os promotores do uso do ferro na África subsahariana, vencendo Pigmeus e Khoïsan na sua migração para sul.

“Atravessaram o Equador e fixaram-se nas savanas a oeste da Tanzânia. Em seguida dividiram-se e seguiram duas direcções diferentes: um grupo, seguindo o curso de Ubangui, atravessou o Zaire, Angola e chegou ao Atlântico; o outro grupo atingiu os Grandes Lagos nos séculos VII ou VIII e rapidamente se espalhou até à África Oriental e Austral. No século VII chegaram ao Zambeze e às costas do Indico. Alguns autores supõem que, só no século X, atingiram o Zimbabwe”[7] (…) De uma maneira geral, admite-se a ideia de que os banto chegaram ao sul de África no século XVI ou XVII. [Mas] a opinião geral é que, à volta de 1500, os banto eram tão estranhos nas terras afastadas do sul de África como os próprios europeus.”[8]

Contrariamente a todos os outros povos negro-africanos os bantu entraram tarde na história. As realizações mais antigas de que há conhecimento são: o reino do Kongo, no século XIV; o reino de Sofala entre os séculos IX e XIII, num período em que o comércio árabe já se encontrava muito desenvolvido; e o reino do Monomotapa, no século XVI. As célebres ruínas do Great Zimbabwe não podem ser anteriores ao século XVII, embora já existisse uma fortaleza no século XV.[9]
No que concerne ao culto dos antepassados, veneram os espíritos dos criadores defuntos “dos quais o boi é tabernáculo.”[10] Possuem um grande número de vacas sagradas e mantêm o culto do fogo puro com particular elevação.[11] Em 1960, a sua totalidade não ultrapassava os 25.000 indivíduos. Como excelentes guias e caçadores é, no entanto, nos Kuvale, que encontramos o sub-grupo mais notório.

“Dotados de cerrado etno-centrismo não admitem cruzamento com outros povos e nutrem verdadeiro desprezo pelos grupos de cultura étnica diferente da sua”. Segundo José Redinha, “a etnofobia cuvale por alguns grupos humanos que consideram inferiores pode atingir o exagero. Conta-se que um homem cuvale matou um seu compatrício por este lhe ter chamado Cuisso, nome de uma etnia que reputam desprezível (…).”[12]

FIG. 2.6 – MULHER KUVALE DO GRUPO ETNOLINGUÍSTICO HERERO











        
Fonte: MESQUITA, Horácio Dá, (s/d) Colecção de postais, Lisboa,
Embaixada da República de Angola


As mulheres Kuvale dispõem de um estatuto social muito baixo, de acordo com a fraquíssima actividade agrícola que realizam. Somente entre as Ndimba, também ligadas a este grupo etnolinguístico, o trabalho da terra atinge um valor relativo.
Os seus aglomerados habitacionais são conhecidos por oganda, e a construção das casas está a cargo das mulheres.Verifica-se também o predomínio da autoridade paterna. Do ponto de vista cultural, o grupo Herero (tal como os demais criadores), intervêm na arte do adorno e nos ornatos de uso individual. É característico na mulher Kuvale o chapéu ou turbante de pele de carneiro e, na mulher Shimba, touca de pele triorelhuda de cerimónia.

                                       
Os Hereros[13] (Norte do Sudoeste africano e bexuanalândia)[14] são, para o antropólogo, negros sul africanos que nada nos seus caracteres físicos parece isolar dos seus vizinhos; pelo seu lado, o linguista classifica a língua herera no grupo banto da África austral. Quanto ao etnógrafo, encontrea-se simultaneamente perante uma cultura material e estruturas sociais que formam um conjunto tão especial  que seria impossível ignorá-lo.
De acordo com os pontos de vista acabados de analisar, verifica-se que podemos distribui-los  pelos actuais países:
Países
População
%
Idioma
Dialectos
Religião
Angola
120 000
 1
HERERO (Ochierero, Damara)
Tradicional
T   Tradicional

Botswana
21 000
 1
HERERO (Ochierero, Damara)
MBANDIERU
Tradicional, Cristianismo

Namibia

106 000

10
HERERO (Ochierero, Damara), ZEMBA  (Dhimba, Otjidhimba, Himba, Tjimba, Simba, Chimba)

 Idem

No nosso trabalho de antropologia  que propomos elaborar sobre os povos pastores e, nomeadamente sobre o sub-grupo Mucubais , que tentaremos enquadrar no grupo dos Hereros  com as seguintes características antropológicas:
Actividades
Os  Hereros (Cerca de 30 000), são criadores de gado puros, com todas as actividades orientadas para os cuidados com o gado, a procura de pastagens, e do seu próprio sustento . Dai as numerosas semelhanças entre o seu género de vida e o dos criadores do Leste africano. No entanto, ao contrário das suas irmãs da África Oriental mas à semelhança das hotentotes – as mulheres hereras podem ordenhar.

Vestuário

O vestuário como geralmente entre os pastores, é confeccionado com o material de que mais dispõe,  é o couro. As capas de couro, são  guarnecidas com  os adornos  de metal que são muito pesados (foto nº   ), os cintos, são  feitos de discos recortados de casca de ovos de avestruz, furados e enfiados. Estes pormenores - capas de couro revestias de adornos de metal, e cintos feitos com as cascas de avestruz, fazem-nos recordar os nilotas e  os Khoisans, respectivamente - isto é, os vizinhos mais próximos dos Hereros.



Características Sociais
Filiação Dupla

As características mais curiosas das instituições sociais dos Hereros e que os afasta
dos outros negros sul-africanos é o seu conhecimento de uma filiação dupla :
-          Pelo lado paterno, cada indivíduo pertence, a um clã localizado, e
-          Pelo lado materno, a um grupo que desempenha certas funções de ordem social.

 

Ocupação do território


O grupo patrilinear - oruzo – ocupa no interior de um território, uma série de acampamentos, sempre constituídos em circulo,  em que a cubata da 1ª mulher do chefe encontra-se situada a leste, virada para o altar sobre o qual arde o fogo sagrado dos antepassados, guardado noite e dia pela mulher e pelas suas filhas.

Culto do fogo sagrado

O  culto do fogo sagrado consiste num cerimonial em que   o culto do primeiro antepassado e do seu representante vivo, o chefe,  são  comuns aos  Hereros e Nilotas ,  mas aqueles também falam de um deus   do Céu e da Terra, o Nzambi, Nyamby, Nyami, etc,  deus do Céu de todo o Oeste Africano.
 A existência entre os hereros árvores e de bosques sagrados, considerados berço de antepassados, não permite ignorar a presença, nas imediações dos Hereros, dos agricultores de Angola e do Zambeze.

Mucubais,  uma tribo de pastores nómadas do deserto de Namibe  (Moçâmedes),  povo de gente bonita e elegante mas de envelhecimento muito precoce, ou não vivessem no clima duro do Deserto. 
Os Mucubais têm fama de ladrões[15]  Mas, sob o nosso ponto de vista, não são  ladrões, ora compete ao proprietário guardar o seu objecto e não deixar à mercê dos outros, é o pensamento Mucubal ou melhor ainda, quando um “dyay[16] , homens com coragem de guerra é tentado, no sonho,  pelo espírito de um antepassado  lhes estão a mandar ir  raziar. Organizam os seus grupos, tratam  as armas e as pessoas, dominam os paus, fazem fronteiras,  …. 366  e vai para ir levantar um  que pode ser da cor sonde, ou bahue .
Quando  parte para essa operação, para essa guerra, o vita, ele fala: mesmo que vamos encontrar outros bois  isso não interessa, é mesmo esse tal o sonde que eu quero. Pois,  o serviço de um dyai é ir agarrar  os bois que o espírito dele, o ohande que recebeu de algum mais velho da sua família antepassada, lhe está a mandar ir roubar. 

..os homens com bois e cabritos, as senhoras com mahungu seco, lagarta que durante as chuvas sai das folhas dos mutiatis ou mukwa




Território Kuvale:
Zona situada no litoral S – SW de Angola, na orla baixa costeira, desde sul de Lucira (cabo de Santa Maria)  concentrados junto das  povoações de Chingo, Bentiaba,  Munhino, Virei… com    penetrações e dispersão  entre os paralelos  ___ a sul de Lucira  e 17º 26’ S (rio Cunene) compreende e a vasta superfície do interior que lhe fica imediatamente adjacente. No extremo fronteiriço inflecte para leste ao longo do  Cunene, interceptando este rio num ponto localizado um pouco a montante das quedas do Ruacaná (Calueque).

Clima


Climaticamente, fica quase totalmente incluída na região árida do sudoeste de Angola (Thornthwaite)  e segundo Kopen , a  região  reparte-se  por dois tipos climáticos BWh (clima seco, desértico,  quente) correspondendo a faixa a sul da Lucira , e BWh’  (clima seco, desértico, muito quente) na restante área.
Na faixa ocidental  a média das precipitações anuais é inferior a 100 mm e pode-se considerar todos os meses do ano seco.
Todavia, convém registar uma característica muito importante desta orla  litoral desértica que reside numa elevada humidade relativa do ar, cuja média se situa nos 70%.

Uso das Pulseiras  C. 28

Cultos de macumukas – Carvalho 156

Descrição das construções – transumancia - 161


Assisti a um caso curioso que se passou na sequência do abate de um boi, segundo a tradição Mucubal -  morte por asfixia,  para nós é um acto bastante chocante e que não vou entrar em pormenor, não sangram o animal,  eles aproveitam a carne com todo o sangue. Horrível de se ver! Depois de esfolado o boi distribuíram pedaços de pele pelos homens e rapazes que esfregando os pedaços nas mãos com a gordura do boi fazem uma espécie de curtimento para obter sandálias, bolsas, etc. Pois estando uns tantos sentados em círculo ocupados neste trabalho, vejo que um dos rapazes novos se levanta do seu lugar, dá umas voltinhas, e passando por detrás de um outro, tira-lhe uns bocados que ele tinha ao lado no chão sem que este se apercebesse. Fiquei à espera de ver o sarilho que iria haver quando o roubado desse pelo roubo; até porque quase todos os circunstantes tinham dado pelo acontecido. Qual não foi o meu espanto ao ver que o rapaz ao dar pela falta dos pedaços de pele, olha disfarçadamente em volta e fica quieto e calado, parecia até que envergonhado. Perguntei ao meu "ajudante" como é que aquilo era possível, que ninguém acusasse o ladrão. Riu-se e disse: "Ele é que tem que tomar cuidado com as suas coisas; o outro fez muito bem e o roubado não vai dizer nada porque ainda fariam pouco dele". Como outros costumes e tradições desta etnia, e doutras, temos de as compreender e não procurar impor à força os nossos hábitos como infelizmente se fez durante séculos em África. Mas eu não me quero meter por aqui...


A produção de leite em ambiente tropical – o caso de Angola
Uma pequena homenagem a um amigo Kuanhama, Kakolete de seu nome, sékulu de muita virtude e conhecimento, que no Katófe me ensinou a gostar verdadeiramente de vacas e me iniciou no gosto do leite fermentado, o mahine, muito antes do iogurte. Saudades minhas, tempos bons! 


Girolando – uma vaca leiteira adaptada ao ambiente tropical.
Foto: Assoc. Bras. Criadores de Girolando

A produção leiteira e a transformação do leite é praticada por várias etnias, especialmente no Sul de Angola, desde tempos imemoriais, assumindo o leite, no seu estado natural ou fermentado (mahini dos mumuhuílas e kuanhamas ou mavele dos mucubais), um papel importante na dieta e na cultura desses povos: Kuanhamas, Humbes, Mumuhuílas, Kuvales (Mucubais). A manteiga é usada como cosmético, o leite é de uso obrigatório na alimentação, o boi é o centro da cultura destas gentes. 

Ruy Duarte de Carvalho, no seu livro, Vou lá visitar pastores (Ed. Círculo de Leitores) refere: "Detém-te agora um pouco sobre as operações de recolha e de distribuição deste leite. Só depois disso poderás presumir saber alguma coisa sobre o consumo alimentar entre os Kuvale e a partir daí encontrarás algumas das linhas de força que fundamentam o seu sistema socioeconómico."

Também, no seu livro Etnografia do Sudoeste de Angola, refere Carlos Eastermann, "a grande ambição de um homem adulto é ser proprietário de manadas de bois" e ainda "É quase impossível saber-se o número de cabeças na posse de um grande proprietário, pois é ele o primeiro a ignorá- lo, pela incapacidade em que se encontra de fazer uma contagem exacta. Andaria porém enganado quem julgasse que por isso ele desconhece os seus bois. Sabe-lhe a cor, a forma dos chifres, sabe se são velhos ou novos e poderá indicar muitas vezes a genealogia de grande número deles".

Pode assim Angola contar com a tradição, o saber e a cultura zootécnica das suas gentes para, associando-lhe conhecimentos e tecnologias modernas, relançar o sector da produção de leite.

O stress térmico: aspectos fisiológicos

As vacas, como os outros mamíferos, são homeotermas. A sua temperatura normal situa-se entre os 38,4° a 39° C e é mantida através do acerto entre o calor produzido e a sua dissipação para o ambiente. Parte desse calor é produzido em consequência da fermentação microbiana no retículo-rúmen. As forragens de muito baixa qualidade geram mais calor de fermentação, contribuindo para uma maior carga calórica total.

Quando a temperatura corporal se eleva significativamente, vários eventos homeotérmicos tem lugar, dentre os quais tem particular importância a evaporação da humidade através da superfície do corpo (sudação) e pelos pulmões (arfando). Quando a temperatura ambiental elevada diminui a capacidade do animal para irradiar o calor corporal, o equilíbrio do balanço térmico verifica-se à custa da diminuição da ingestão e do metabolismo, da perda de peso corporal e da baixa da produção de leite.

A zona de conforto térmico para produção de leite ocorre entre 10° e 20° C, sendo que a vaca adulta em lactação é mais tolerante ao frio do que ao calor. O efeito negativo do aumento de temperatura é tanto maior quanto mais elevada for a humidade ambiente. O Prof. Frank Wiersma reduziu esta relação a um único índice, designado por Índice de Temperatura e Humidade (ITH). A perda de calor por evaporação funciona bem com humidades baixas, o que justifica que produções muito elevadas se verifiquem em zonas muito quentes, mas secas, como por exemplo em Israel.

Consequências metabólicas na produção de leite

Quando a temperatura corporal aumenta, actividades como a ingestão de alimentos e os esforços físicos são reduzidos. Para dissipar mais calor, a circulação de sangue pela pele aumenta e, em consequência, diminui a circulação nos órgãos internos. Ocorre um aumento da transpiração e da frequência respiratória para elevar a proporção de calor perdido pela evaporação da água. Este arrefecimento activo, recorrendo ao aumento da frequência respiratória, aumenta as necessidades de manutenção (energia) do animal. Assim se explica o impacto do stress térmico em vacas de alta produção em início de lactação, altura em que o consumo de energia é crítico.
Os efeitos do calor incluem:
  • redução da ingestão de alimentos (10 a 15%);
  • redução da produção de leite (podendo atingir 25%), dos teores de gordura (menos 0,1% por cada 10% de aumento na temperatura máxima diária) e redução da proteína;
  • aumento da incidência de mamites;
  • perda de peso;
  • aumento da transpiração e ritmo respiratório (arfar) ( >80 movimentos respiratórios/ /minuto);
  • aumento da temperatura corporal (de 38,5°C para 39,5° C).
A diminuição da ingestão da matéria seca depende da digestibilidade do alimento, afectando especialmente as forragens. Se forem administrados em separado, a diminuição da ingestão é maior nestas do que nos concentrados.

Quando o Índice de Temperatura e Humidade aumenta acima de 72 (equivalente a 25°C e 50% de humidade) mesmo antes de se verificar o declínio da produção leiteira, a performance reprodutiva das vacas leiteiras diminui, o que se deve mais à mortalidade embrionária do que à insuficiência hormonal. A mortalidade embrionária poderá estar relacionada com o aumento da temperatura intra-uterina.

Modificação da nutrição

Acredita-se que a composição da dieta é importante no alívio do stress térmico, pois sabe- -se que as vacas que atingem um estádio hiperémico, embora recusem a forragem, continuam a comer concentrados.

Por outro lado, as vacas sob stress térmico, para além de diminuírem a ingestão de alimentos, aumentam a excreção de minerais através da transpiração e da urina. Os rins aumentam a excreção de Na+ e K+, como forma de compensar a alcalemia originada pelo aumento da frequência respiratória e excreção excessiva de CO2 pela res- piração. Estudos feitos na Universidade da Florida mostraram vantagem na adição de mais sódio, potássio e magnésio na alimentação da vaca leiteira durante períodos de stress pelo calor.

Arrefecimento por evaporação e disponibilidade de água

Nos períodos de maior calor, há que proporcionar às vacas formas de acelerar a evaporação, ajudando-as a manter a temperatura normal e a produção de leite. Para tal são indicadas nebulizações ou chuveiros muito finos, localizados junto à área de manjedouras, ou à área de espera para a ordenha, funcionando de forma intermitente. O efeito evaporativo poderá ser acentuado com ventoinhas ou aproveitando correntes de ar predominantes. Por exemplo, localizando estrategicamente cortinas de árvores que proporcionem sombra e corredores de vento. As sombras reduzem a radiação incidente em cerca de 30%.

A água deve ser a maior preocupação nos períodos de maior calor, sendo essencial a sua disponibilidade ad-libitum pelas vacas leiteiras sujeitas a stress térmico.

Prof. José Estevam Matos, Universidade dos Açores, condensação de palestra proferida no Encontro Desafios da Agricultura Tropical no Início do Milénio, Lisboa, 2003 .






[1]  Não confundir com os  Bororo do Brasil que se autodenominam Boe.
   O termo “Bororo” significa “pátio da aldeia”.
[2] PDM – (Programme Development Guinée Maritime -   FED da União Europeia)
[3]  Constatado por nós (os Peul)  na Prefeitura de Kíndia – Republica da Guiné . Missão da CEE , 1999/2001
[4] BAUMANN, Hermann (1935), Lunda Bei Nauern und Jagern in Inner – Angola, Wurfel Verlag, Berlim, s/p; cit. in, REDINHA, José (1974), op. cit., p.49
[5] KI-ZERBO J., op. cit., p.91 e p.97; cit. in, ALTUNA, Pe. Raul Ruiz de Asúa, op. cit., p.14
[6] LAUDE, J. (1973) Las artes del África negra, Labor, Buenos Aires, p.90; cit. in, ALTUNA, Pe. Raul Ruiz de Asúa, op. cit., p.14
[7] Idem, p.16
[8] REDINHA, José (1971), op. cit., p.16; cit. in, ALTUNA, Pe. Raul Ruiz de Asúa, op. cit., p.16
[9] ALTUNA, Pe. Raul Ruiz de Asúa, op. cit., p.17
[10] ESTERMANN, Carlos (1961), Etnografia do Sudoeste de Angola; o Grupo Étnico Herero, Junta de Investigações do Ultramar, vol.3, s/p; cit. in, REDINHA, José (1974), op. cit., p.49
[11] REDINHA, José (1974), op. cit., p.49
[12] Ibidem
[13] Denise Paulme, As Civilizações Africanas, colecção SABER, Publicações Europa-América,  Lisboa, Janeiro de 1977.
[14]   Protectorado britânico, actual Botswana,  independente em 1966, sob a presidência de um chefe estimado, Sir Seretae  Khama, falecido em 1980.  Quando jovem estudante na Grã Bretanha, em 1948, desposara uma jovem inglesa, Ruth Williams.
[15] Ruy Duarte de Carvalho – Vou lá visitar pastores, página 28, Edições Cotovia, Lda., Lisboa, 1999 … Portanto, para já os mucubais são gatunos, e tudo se passa assim,  dentro dos parâmetros da distância, da abominação, do temor, do medo, da fascinação e do espanto” .
[16] Homens com coragem de guerra, de tirar os  bois, o serviço deles é ir agarrar os bois que os espíritos de alguns mais-velhos das suas famílias antepassadas lhes estão a mandar ir  raziar. Organizam os seus grupos, tratam as armas e as pessoas, dominam os paus, fazem fronteiras, ombindi, ninguém vê mais do lado de lá, barreiras de protecção. São esses que se transformam em mulheres, em meninas, mukadona, assim ninguém suspeita da sua passagem. E sobretudo o que eles sabem mais e melhor é mesmo adivinhar, saber o que vai se passar.

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